"O que há de mais terrível na comunicação é o inconsciente da comunicação."
Essa frase, de Pierre Boudieu, aparece no livro de Ignacio Ramonet, A Tirania da Comunicação,
que tem como principal objetivo enfatizar as novas mudanças na comunicação, por meios tecnológicos e digitais, e mostrar como a informação é uma mercadoria; "...a multimídia e a Internet criam uma ruptura que poderia acabar revolucionando o campo da comunicação e talvez até o campo da economia".
Ramonet destaca o fato de muitas notícias consideradas falsas ou sensacionalistas serem consequência da necessidade de venda como produto, competindo sempre com a concorrência. Tendo como base um meio de gerar lucros, o jornalismo se tranforma em um veículo comunicativo audiovisual, vendendo ao público-alvo a ideia de que a riqueza e veracidade das imagens, por seus recursos instantâneos, são tão importantes quanto os acontecimentos em si.
Para o autor, em breve chegará o dia em que a informação será inteiramente controlada por um grupo econômico, os chamados impérios da comunicação, com aceleradas fusões, aquisições e concentrações de empresas. A tendência é que os critérios de verdade desapareçam aos poucos, uma vez que a informação é tratada como mercadoria e esse compromisso não é tão rentável quanto a massificação e a informação instantânea.
É obrigação do jornalista não ser apenas aquele que repassa as informações que recebe, sem checagem, sem investigação. Recusar-se a vulgarizar a informação, com sensacionalismo e imagens forjadas. O que Gabriel Garcia Márquez disse deve ser um dogma para todos dos jornalistas: "A ética deve acompanhar sempre o jornalismo, como o zumbido acompanha o besouro". Em tempos em que o monopólio das informações é grande, fica cada vez mais difícil ser ético. Mas a beleza da profissão está na busca pela verdade.
Por Jaqueline Lima, Marília Barbosa e Marina Maciel
Fonte: A Tirania da Comunicação, de Ignacio Ramonet
Texto: "A Tecnologia não é inimiga", de Daniela Bertocchi