quarta-feira, 22 de abril de 2009

A Manipulação de Entrevistas


Ao ler a reportagem “Grupo de Dilma planejou sequestro de Delfim Neto” publicada pela Folha de S.Paulo no dia 5 de abril, o jornalista Antonio Roberto Espinosa, que concedeu entrevista à repórter Fernanda Odilla, enviou uma carta ao jornal, acusando-o de ter manipulado as informações que passou à jornalista.


O escândalo trouxe à tona a questão da manipulação de informações pelos meios de comunicação. Seja por má-fé ou por negligência do repórter, palavras distorcidas, enfoques com duplo sentido e declarações fora de contexto passam ao leitor uma imagem distorcida do entrevistado. A polêmica não é recente e tão pouco se restringe à Folha de S.Paulo.


As consequências dessas deturpações são diversas e, muitas vezes, irreversíveis. Na entrevista “A estrela baiana sou eu” com o cantor Caetano Veloso, feita pelo jornal O Globo, mesmo sem ler a matéria, o leitor já fica com a impressão de uma suposta egolatria do entrevistado. Não somente a declaração usada como título foi editada, como também foi descontextualizada, produzindo sobre quem lê um efeito diferente do que o entrevistado pretendia causar.


(Maus) Exemplos não faltam. No ano passado, o ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, acusou o Expresso de manipular uma entrevista que lhe concedeu. O texto, ao ser comparado com a gravação integral da entrevista, apresenta imprecisões nas interpretações e considerações feitas pelos jornalistas e atribuições de palavras e expressões distorcidas, descontextualizadas ou, simplesmente, não ditas. O resultado? A matéria deu ao ministro uma aparente atitude de oposição ao Governo e discordância ao Ministério que tutela, postura a qual José Ribeiro nega possuir.

Em dezembro de 2005, Gay Talese concedeu uma entrevista à Folha de S.Paulo. Ironicamente, ele discorreu sobre a parcialidade que acredita que a imprensa americana assumiu a partir do 11 de Setembro. Embora o foco de Talese tenha sido a manipulação, a matéria publicada pela Folha no caderno principal diferiu em muitos aspectos da íntegra da entrevista na Folha Online.

Ética no jornalismo é essencial para passar credibilidade, segurança ao entrevistado e ao leitor. Quem lê passa a ser vítima dessa manipulação, tendo sua opinião manobrada pelo jornal e sendo obrigado a ter uma visão distorcida dos fatos.

Dependemos de um jornalismo mais responsável. E nem ao menos temos o consolo de que os erros dos jornais serão tão repercutidos quanto as informações imprecisas que eles publicam.

Por Jéssica Alves e Marina Maciel


Imagem retirada de: Cantigueiro.

2 comentários:

  1. Tá ai um exemplo da RESPONSABILIDADE que nós já passamos a carregar.
    Como comentado no texto pelas meninas, ética é extremamente necessária na excecução do nosso trabalho.

    Espero não ver o nome de nenhum dos meus colegas envolvidos num escandalo desse tipo. Como a Meg diz, não nascemos para 'aparecer' por ai x)

    beeijo :*

    ResponderExcluir
  2. Quanta coisa manipulada! A repórter da matéria da Dilma estava atrás de qq cisa q pudesse prejudicar sua imagem!
    Gostei do post de vcs! Escreveram muito bem e deram voz a quem não tem!

    ResponderExcluir

A Equipe Terceira Visão agradece seu comentário :)

VOLTE SEMPRE!